Campo Belo (MG), 12 de abril de 2025
O governo municipal de Campo Belo completa 100 dias nesta semana, mas para muitos moradores, não há muito o que comemorar. O que deveria ser um período de planejamento, organização e início de mudanças concretas, tem se mostrado apenas uma extensão do modelo administrativo anterior, agora com novas faces, mas velhas práticas.
Desde o início do mandato, o prefeito Adalberto adotou uma postura de forte presença midiática, com agendas públicas frequentes, aparições em redes sociais e anúncios de pequenas entregas. No entanto, por trás das câmeras, a realidade da cidade segue enfrentando os mesmos desafios estruturais de sempre — e, em alguns casos, com sinais de agravamento.
Rompimentos e isolamento político
Uma das rupturas mais emblemáticas dos últimos meses foi com seu vice-prefeito, Fred. Eleito ao lado de Adalberto, Fred rompeu politicamente com o prefeito após sucessivas discordâncias internas e exclusão das decisões administrativas. A quebra da aliança, antes vista como sólida, revela um governo sem coesão e sem diálogo, mesmo em seus primeiros 100 dias. O que se vê atualmente é um Vice Prefeito que vai de encontro ao povo, enquanto o prefeito vai de encontro às câmeras.
Lideranças que antes demonstravam confiança na continuidade da gestão passada, agora adotam postura de silêncio, distância ou crítica. Esse isolamento progressivo fragiliza ainda mais a governabilidade e evidencia a perda de apoio entre aqueles que ajudaram a construir o caminho até a vitória nas urnas.
Comunicação em alta, ação em baixa
Embora a comunicação institucional da prefeitura esteja operando em ritmo acelerado, a efetividade das políticas públicas deixa a desejar. Problemas como a precariedade no atendimento da UPA, a falta de médicos especialistas, o racionamento de água em diversos bairros e a ausência de programas sociais estruturados continuam afetando o dia a dia da população.
Moradores de todos os bairros, por exemplo, relatam que a situação dos bairros permanecem estagnadas. As praças segue abandonadas, as ruas sem manutenção adequada e as promessas feitas durante a campanha sequer começaram a ser discutidas na prática.
Estratégia de aparência
Nos bastidores, há críticas quanto ao uso político da imprensa local. Segundo relatos de fontes próximas à administração, veículos de comunicação têm sido escolhidos a dedo para manter a imagem da gestão, muitas vezes em troca de apoios indiretos ou espaços publicitários direcionados. Essa prática, se confirmada, compromete a transparência do governo e o direito da população à informação livre e independente.
Mais do que uma falha de comunicação, isso representa um desvio de foco: a prioridade do governo parece ser proteger sua imagem, não transformar a realidade.
Promessas esquecidas
Os 100 primeiros dias de governo representam, tradicionalmente, uma janela estratégica para tomadas de decisões importantes — inclusive aquelas que podem ser impopulares, mas necessárias. Porém, em Campo Belo, o tempo foi consumido por medidas de efeito rápido e discurso otimista, sem que houvesse planejamento a longo prazo ou investimento real em mudanças estruturais.
Promessas feitas em campanha, como a modernização da saúde, a ampliação dos serviços básicos e a valorização dos bairros mais afastados, ainda não saíram do papel. Para muitos, a sensação é de que a cidade continua no piloto automático, enquanto o governo se ocupa em construir narrativas em vez de soluções.
Conclusão:
O marco de 100 dias da gestão Adalberto não marca um recomeço, e sim uma continuidade — não de avanços, mas de métodos antigos que priorizam aparência e conveniência. A ruptura com Fred, o silêncio de lideranças e a frustração popular são sinais claros de que há algo fora do lugar.
A população de Campo Belo espera mais do que imagem. Espera ação, compromisso e verdade. E isso, infelizmente, ainda não chegou.